Leucemia aguda é um grupo de tumores malignos (cânceres) do sangue, caracterizado pelo acúmulo de glóbulos brancos defeituosos e imaturos.
Diferentemente do que se pode imaginar, o termo “aguda” se refere ao fato de a célula doente ser jovem, imatura, e não ao tempo de instalação da doença.
As leucemias agudas são divididas em 2 grandes grupos:
- Leucemia Mieloide Aguda (LMA): os glóbulos brancos defeituosos são da linhagem mieloide, ou seja, células que, na medula óssea, deveriam dar origem a células saudáveis do sangue. Este tipo é o mais comum em pacientes adultos e idosos.
- Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA): as células doentes são da linhagem linfóide, ou seja, precursoras de um tipo específico de glóbulos brancos: os linfócitos. A LLA, por sua vez, é comum em crianças (75% dos casos de leucemia nessa faixa etária).
As leucemias agudas são doenças incomuns, já que em adultos correspondem a cerca de 1% do total de diagnósticos de câncer. Apesar disso, são cânceres graves, com risco de morte, principalmente quando há demora no diagnóstico e quando não é realizado tratamento adequado.
Quais são os sintomas de leucemia aguda?
Os sintomas são variados. A fábrica de células normais do sangue, chamada de medula óssea, acaba sendo ocupada pelo acúmulo das células doentes e isso pode gerar:
- Cansaço, fraqueza, sonolência (sintomas de anemia, que é a redução dos glóbulos vermelhos);
- Sangramentos na pele e em mucosas como nariz e gengiva, por exemplo (sintomas de plaquetopenia, ou seja, da redução do número de plaquetas);
- Febre, infecções recorrentes e/ou graves (sintomas de neutropenia, contagem reduzida de neutrófilos, que são os glóbulos brancos especializados em combater infecções por bactérias e fungos);
- Dor óssea, causada pela ocupação do espaço medula óssea pelas células doentes;
- Inchaço das gengivas, observado em alguns pacientes com LMA;
- Aumento do tamanho do baço e de gânglios linfáticos, visto em pacientes com LLA.
Existem casos, porém, em que essas doenças podem se manifestar sem sintomas, apenas com alterações das contagens das células do sangue, vista no hemograma completo. Há outros sintomas que podem ocorrer, mas são menos frequentes.
Existem fatores de risco para o desenvolvimento de leucemia aguda?
A leucemia aguda surge a partir de mutações em células imaturas, originalmente normais, capazes de transformar as células em malignas, que se desenvolvem e crescem de maneira descontrolada.
Em alguns cenários, o defeito no material genético das células ocorre por acaso, ou seja, na ausência de fator de risco identificado.
Há situações, porém, que aumentam o risco para o desenvolvimento dessas alterações genéticas e as principais são:
- Exposição a agentes tóxicos, como cigarro, solventes orgânicos (benzeno, formol) e agrotóxicos;
- Tratamentos prévios com quimioterapia e/ou radioterapia, que, podem favorecer o surgimento de LMA no médio e longo prazo;
- História familiar de leucemia aguda, já que alguns tipos podem ocorrer a partir de mutações genéticas hereditárias, ou seja, herdadas;
- Síndrome de Down e outras doenças genéticas;
- Síndrome mielodisplásica, doença da medula óssea que pode progredir para LMA.
Como é feito o tratamento de pacientes com leucemia aguda?
Pacientes com forte suspeita ou com diagnóstico confirmado dessa doença devem ser avaliados, o mais rápido possível, em serviço médico que disponha de Hematologista, profissional da área da Medicina que apresenta a competência necessária para o correto diagnóstico e tratamento.
A identificação do tipo de leucemia aguda é fundamental para o tratamento correto, que varia de acordo com suas características (LMA ou LLA). A confirmação do diagnóstico costuma envolver a coleta de material obtido a partir da medula óssea.
O tratamento, em linhas gerais, é composto de medicações utilizadas para eliminar as células doentes e evitar seu retorno, além de medidas para o controle das complicações geradas pela doença e pelo seu tratamento (terapia de suporte). Parte do tratamento deve ser realizada em regime de internação hospitalar.
- Quimioterapia: a quimioterapia convencional é importante no tratamento de leucemia aguda, ao causar defeitos irreversíveis nas células doentes e sua destruição.
- Imunoterapia: alguns pacientes com leucemia aguda podem se beneficiar de anticorpos sintéticos direcionados contra proteínas específicas das células doentes.
- Terapia alvo: medicamentos capazes de degradar mutações ou proteínas específicas encontradas em determinados pacientes com leucemia aguda.
- Transplante de medula óssea (TMO): pacientes que apresentem maior risco de retorno da doença, ou que não obtiveram resposta adequada após um tratamento inicial para leucemia aguda, podem se beneficiar com a realização de TMO. Nesses casos, em geral, o TMO é realizado utilizando células tronco oriundas de um doador, seja um familiar, seja banco de doadores. Este tipo de TMO é chamado de TMO alogênico.
- Células CAR-T: tratamento inovador, em viabilização para uso no Brasil em breve, envolve a aplicação de células do paciente tratadas em laboratório e programadas para combater células doentes específicas. Seu uso será importante em pacientes com recaída de LLA.
- Suporte: os pacientes com leucemia aguda frequentemente necessitam de transfusão de sangue e de plaquetas, tanto por efeitos da doença, quanto por efeitos colaterais do tratamento. É comum, também, que haja necessidade de tratamento de infecções com antibióticos e outras medidas.
O tratamento utilizado irá depender, além do tipo de leucemia aguda, de características de cada paciente, já que apresenta potencial para causar efeitos colaterais graves.
Em pacientes mais frágeis como idosos ou portadores de doenças prévias, portanto, o tratamento utilizado tende a ser menos intensivo.
Os riscos, benefícios e resultados esperados devem sempre ser discutidos entre médico e paciente, a fim de que a melhor decisão seja tomada.
A duração pode variar, sendo prolongado em alguns cenários (até 2-3 anos). O acompanhamento médico é importante para detectar se há retorno da doença, cujo risco é maior nos primeiros 5 anos do diagnóstico.
Mesmo com diversos avanços da Medicina nos últimos anos, infelizmente não há cura para alguns pacientes com formas mais desfavoráveis da doença.
Procure um especialista!
Leucemia aguda é um tipo de câncer do sangue raro e grave. Nem todos os casos apresentam fatores de risco para sua ocorrência.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento com Hematologista nos casos com sintomas suspeitos, como anemia, sangramentos, infecções, é fundamental para melhores desfechos.
O tratamento indicado levará em conta características da doença, e deverá ser adaptado para as necessidades e condições de cada paciente, com chances de cura para boa parte dos casos.
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